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sexta-feira, 4 de março de 2016

Pesquisa brasileira mostra que zika mata células cerebrais


Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) mostrou os primeiros resultados que mostram que o vírus da zika mata células do cérebro em laboratório. O pesquisador que coordenou o estudo, Stevens Rehen, usou células-tronco para desenvolver células neuronais similares às formadas em bebês de até 3 meses de gestação. Depois viu como o vírus infecta e mata as células. Esse é o primeiro passo para comprovar que o vírus realmente causa lesões nos cérebros dos bebês. O estudo não investigou o efeito do vírus no cérebro adulto, mas a pesquisa indica que o vírus realmente afeta células cerebrais, o que poderia explicar o desenvolvimento da síndrome de Guillian-Barre em pessoas que tiveram a doença.




O vírus Zika mata um tipo de tecido essencial para cérebros em desenvolvimento, afirmam pesquisadores.
Em testes de laboratório, o Zika foi capaz de destruir ou impedir o crescimento de células progenitoras neurais, que constroem o cérebro e o sistema nervoso.
A descoberta, anunciada na publicação científica Cell Stem Cell, reforça a crença de que o vírus esteja causando as más-formações nos cérebros de bebês.

Os pesquisadores americanos, alertam, porém, que isso ainda não representa uma relação definitiva entre o Zika e a condição.

Segundo o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde brasileiro, já são 641 confirmações de microcefalia ou outras más-formações em cérebros de bebês. Outros 4,2 mil casos suspeitos estão sob investigação e pouco mais de 1 mil foram descartados.A epidemia de zika tem sido amplamente apontada como o motivo do aumento dos casos de microcefalia, mas esse elo ainda não foi cientificamente confirmado aos olhos da Organização Mundial da Saúde.A equipe americana, formado por pesquisadores das universidades Johns Hopkins (Maryland), do Estado da Flórida e Emory (Geórgia), infectou um grupo das células com o Zika por duas horas e analisou essas amostras três dias depois.

O vírus conseguiu infectar até 90% das progenitoras neurais em uma das amostras, levando à morte de cerca de um terço das células e a sérios danos nas demais. Um efeito similar teria resultados devastadores em um cérebro em desenvolvimento.Por outro lado, o Zika foi capaz de infectar apenas 10% dos outros tecidos testados, incluindo células cerebrais mais avançadas, renais e tronco.

A professora Guo-li Ming, uma dos cientistas responsáveis pelo estudo, afirmou que as descobertas são significantes e representam um primeiro passo para entender a relação entre zika e microcefalia."As células progenitoras neurais são especialmente vulneráveis ao vírus Zika", afirmou ela ao site da BBC. "Elas dão origem ao córtex - a principal parte (do cérebro) a apresentar volume reduzido na microcefalia."

"Mas esse estudo não provém uma evidência direta de que o vírus Zika é a causa da microcefalia."Segundo a pesquisadora, são necessários mais estudos em cérebros em miniatura, criados em laboratório, e em animais.

Ainda não está claro o motivo de essas células serem tão vulneráveis - elas aparentemente não criam uma defesa contra a infecção pelo Zika.
Embora não seja definitivo, o estudo se soma às evidências já anunciadas pela comunidade científica - incluindo a descoberta do vírus em cérebros de bebês mortos e em líquido amniótico.

Madeleine Lancaster, que pesquisa o desenvolvimento do cérebro no Laboratório de Biologia Molecular do MRC (Conselho de Pesquisas Médicas britânico, na sigla em inglês), afirmou que o estudo é um "significativo passo adiante".
"Os efeitos vistos poderiam explicar o surto de microcefalia e abrem alas para muitos estudos futuros sobre como o vírus afeta células-tronco e sua habilidade de produzir neurônios em cérebros em desenvolvimento", afirmou ela ao site da BBC.
"Eu acho que se trata de uma contribuição muito importante, e num momento extremamente oportuno."

Mas a cientista concorda com os pesquisadores: é preciso investigar mais. "(Deve-se) testar se o Zika afeta a produção de neurônios e o tamanho do cérebro" e descobrir como ele atravessa a placenta, afirma.                                                                                           Bruce Aylward, da Organização Mundial de Saúde, diz que as evidências de que o Zika esteja causando microcefalia e outra condição - a síndrome de Guillain-Barré - se acumulam.

"Desde a declaração de emergência internacional, em fevereiro, as evidências de uma relação causal vêm se acumulando."

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